segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Experimentações

Da superposição do pragmastismo sobre o empirismo resulta um gosto inebriante sobre as experimentações, como forma de obtenção de respostas para toda a sede pendular de entendimento que se tem sobre a violenta  sucessão de acontecimentos, em que se observa o desrespeito de um pelo outro, de modo que o seguinte se sobrepõe ao primeiro e dificulta a compreensão de cada uma das partes, e, consequentemente, do todo.

Num primeiro momento, parece absurdo um químico analítico buscar Ouro na embalagem de um biscoito e por não ter encontrado não afirmar que ele não existe ali. Ao invés disso, questiona-se sobre o método utilizado, cogitando a possibilidade da ineficiência do método utilizado para tal detecção, mesmo sabendo, em sã consciência, que não deve encontrá-lo ali. Só podendo afirmar ao final, após ter utilizado o método específico e mais adequado. 
Faz-se possível a compreensão do que se amontoa e do amontoado pela alteração da forma de compreensão, ainda que não se tenham catalogadas as possibilidades, a partir do incomodo provocado pelo peso cumulativo do amontoado.

Possivelmente as experiências não são os acontecimentos e as marcas por elas deixadas, mas o exercício para transformá-los diretamente numa forma de conhecimento prático aplicável, fazendo jus aos pragmatismo arraigado. Tamanho apreço se tem pelas experimentações que, por vezes, recorre a outros acontecimentos, e a resultados, por outros, obtidos, e até mesmo a resultados práticos já aplicados. Aparentemente se perde quando os ignora e os admite como específicos demais, reconhecendo a pouca, ou quase nula efetividade das experiências alheias.

Inerentes às experimentações são os erros e o sucesso. Onde cada erro representa uma potencial frustração, reconhece o convite a uma reformulação e repetição do experimento sob outras condições, o que leva a reconstrução constante de uma estrutura incapaz de saciar a sede de entendimento - que vai mas que volta - por não conseguir atingir o nível onde se encontra o entendimento satisfatório. E por esse ser tão abstrato e estar constantemente em movimento, se distanciando da possibilidade real, mesmo que toda a estrutura de conhecimento prático aplicável e aplicado seja somada, continua-se a realizar experimentações pois o sucesso, que lhe é inerente não está num ponto, mas na reta. O progresso que se tem após a sucessão de erros, este sim, configura a obtenção prática do resultado. Este sim, pode ser o sucesso das experimentações que conduzirão à satisfação - curta o suficiente para dopar e fazer esquecer da possibilidade de alcançar o entendimento -. Ao seu fim, estamos de novo ocupados a trabalhar na reconstrução, enquanto o entendimento vai se afastando. 

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Engano involuntário da madrugada

De que adianta, honestamente, me interessar por tantos programas científicos na televisão sobre curiosidades, ou assistir palestras de cientistas que atingiram a mais alta láurea da ciência em cima de suas descobertas e desenvolvimentos de novos métodos se nenhum deles se aplica diretamente a solução dos problemas que de fato me fascinam?

Reconheço minha limitação em continuar sendo excessivamente pragmático, e talvez não seja só essa, mas também, por excesso de pragmatismo não me permitir conceber que o fulereno pode estar envolvido de alguma forma com a mente humana e que por via dele seja realizado um estudo sobre a compreensão dela, ou até mesmo como uma proteína verde poderia estar associada a compreensão do que se sonha em resumir a uma reação química, mas só se consegue descrever com as 11 letras de sentimentos.

Sem entender muito bem, reconheço minha admiração pelas ciências humanas, pois mesmo não conseguindo entender como as pesquisas acontecem nessa área, elas são as que possivelmente mais me satisfazem, pela liberdade que conferem ao pensar, em que todo ele tem asas e capazes de alçar voo, diferentemente dessa ciencia de premoldados, baseadas em postulados removidos do nada, que terminam por aproximá-la daquilo que parece ser seu maior rival. Não entendo como posso gostar dos premoldados e não pretendo me esforçar para fazê-lo agora, apenas admiro os objetivos primazes de todas as áreas da ciência.
E antes de todos os questionamentos que me faria, a fim de me levar ao entendimento desejado, estou a me perguntar porque estou escrevendo agora, se sei que terei de acordar daqui há 4h10m para me submeter à prática e aprimoramento da técnica que requerem o descanso mental que estou retardando a cada letra. 

 Foi só um engano involuntário que não queria colecionar junto aos outros perdidos, ou, foi só um lapso que eu não queria perder mesmo.


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

DosSe's

A linearidade, ainda que curva, ameaçada por tantos empecilhos. Mesmo as possibilidades os representam. E em meio a tantos "se", falta a vontade de seguir adiante no empirismo, e chegar numa conclusão, já que o sentido só vem quando se examina todo o raciocínio que o induziu.

Ao mesmo tempo em que a vontade se confunde com a coragem, ambas em suas faltas, a dificuldade maior parece ser trilhar um caminho com bifurcações seguidas umas das outras por instantes. O desejo parece ser o de não correr o risco de errar - Errar, puro e simplesmente como sendo a incapacidade de fazê-lo novamente;  trilhar o mesmo caminho mantendo a linearidade já alcançada, apenas com o fim de reproduzi-la por tê-lo achado, no minimo, interessante.

Pouco sentido, faz, querer reproduzir um caminho, já que não se passa duas vezes pelo mesmo local, seja físico ou psicológico, ou produto da interação entre estas partes. Pode riscar mais tantas outras linhas, possivelmente mais agradáveis, e se prende, no entanto, em tenta reutilizar as das suturas.

Bem como o autoquestionamento, a excitação da exploração, ou a alegria da descoberta,  há também a necessidade de imposição - seja para si, seja para algum outro.Tanto interesse em reproduzir um caminho faz sentido, contudo, não pela possibilidade  mas pela capacidade de fazê-lo, de modo que quando reconhece que sua habilidade de criar doces pensamentos é comum a tantos, quer trilhar antigos caminhos com primazia acreditando ser essa uma caracteristica de poucos; ou somente mais uma ilusão, deveras apreciável, até tomar por forma a sua original, de verdade "inconcreta".

Somente sob o pragmatismo, as ilusões são agradáveis por representarem um imediatismo prazeroso, não pleno, que deveria ser superposto pelo prazer que se tem ao chegar numa conclusão, mas não o é, por melhor que seja, afinal a dúvida é sem limites, enquanto que a conclusão está sujeita a estagnação.

Cada "Se" abre uma bifurcação em possibilidades, mesmo não sendo uma condição agradável, é preterível a dúvida, com a sua tormenta provocada pelas bifurcações das possibilidades de seguidos questionamentos, à certeza absurda e estagnante.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Do que perdi

De tudo que se perdeu e não tem mais volta não me foge a vontade de voltar a agradecer pelo que dividi.

Nunca me faltarão palavras não ditas e memórias que não sejam doces para me lembrar da pouco favorável habilidade cerebral de ser três vezes mais sensível a perdas que a ganhos. Nunca me faltarão palavras não ditas e memórias doces para me fazerem crer que sempre pode ter sido mais e que nunca foi o suficiente.

Faz falta mesmo quando há um espaço que já fora preenchido. E a existência dele em muito me confude.

sábado, 29 de outubro de 2011

Doce engano

Transbordei em mim ao acreditar que a racionalidade tinha feito com que eu compreendesse esse delicado e complexo encaixe entre as partes, e assim tivesse me levado a crer que interferindo em uma das etapas do mecanismo de cada um delas, poderia contorná-las e carimbar o relatório como resolvido. 

Bem acreditei que tinha transformado estes sólidos em massa de modelar e assim seria capaz de mais uma vez  encaixá-las, resultando nesse forjado entendimento que denota mérito nenhum.Um convite não formalizado, na forma de mais um sinal, a abandonar essa lógica baseada em encaixes, que torna impossível e atormentador a possibilidade de encaixar um círculo no espaço de um quadrado. 

E mais esse sinal me faz lembrar de que já fui convidado a deixar essa lógica de lado, mas esta deve ser mais uma situação muito interessante que me permite reincidir no velho erro de negar a possibilidade no momento em que ela me surge, e que tenta me submeter. Errar de novo, me parece mais um mecanismo sutil de não submissão, em que eu aposto estar revivendo uma situação, tornando possível ter controle sobre ela, uma vez que já conhecida. Doce engano. Eu bem achava que ser racional bastaria, mas estou sendo tão, que percebo não bastar.

Cuspe

Na madrugada, o tempo parece inerte a realidade. Parece não haver diferença entre não adiar o sono e adia-lo, comprometendo em mais alguns minutos a disponibilidade para a realidade no dia seguinte.

Ainda que essa percepção tenha transpassado o crivo da razão, sozinha, ela é incapaz de obcecar todas as outras capazes de serem representadas em peças de lego.Antes do tempo parecer inerte à realidade, subitamente, num lapso, como há muito já não se experimenta, as construções foram desmontadas com primazia livre de habilidade manual.

As dificuldades tem surgido, e assombrado, como é de se esperar em qualquer caso envolvido de naturalidade.

Problemas e sentimentos associados a resolução concreta, planejada ou sonhada, tem se emaranhado e requerendo não menos paciência do que a necessária para desembolar uma fina corrente de ouro, tem sido uma difícil tarefa a fim de isolar cada coisa e poder atribuir nomes específicos, ainda que a caracterização pormenorizada seja sugerida antes da nomeação.

Fui acometido pela razão, que me fez voltar a agir friamente.
Talvez tenha ficado mais satisfeito com esse ataque súbito, do que com os próprios resultados.

Só resta a certeza de que este escrito não me agradou nenhum pouco, muito provavelmente porque dessa vez não consegui pegar os fragmentos e fazer deles um mosaico apreciável - mais parece um mosaico de tres peças sendo um circulo, um quadrado e um triangulo; perfeito -.  Isso muito me aborrece.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Dois grumetes

Seria conveniente crer que se trata de um unico barco apresentando sinais de falha, e assim, levando ao desespero sua tripulação de grumetes, dotados de experiência e habilidade insuficiente para resolver tal problema rapidamente. Mas se atracam, não decerto receberão condecorações, mas inevitavelmente, terão toda uma carreira pela frente, para que possam somar habilidades e experiências, a fim de contornar desconfortos semelhantes mais rapidamente.

Aos grumetes, que tentam se salvar, o desespero é um comportamento fisiológico e tão natural que não poderia ser diferente. Após se salvarem, é provável que se orgulharão dessa história a ponto até de ver a beleza incontida nela.

Curioso como um grumete parece fazer um relatório constante da situação a bordo, e em meio aos esforços para dar cabo ao que os desespera, consegue já perceber a beleza da sua letra; com a qual relata toda aquela cena tão pouco permissiva à apreciação.

Aprecia ainda o desespero do seu colega tripulante, mesmo sendo incapaz de perceber como ele está entendendo tudo aquilo. E ainda apreciando tudo isso, continua a não medir esforços para levar o barco ao porto.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ver com os dois olhos

Os sonhos tem trazido más experiências não vividas, mas tão possíveis na vida real que trazem consigo certa insegurança a respeito destes não serem prelúdios. Uma provável conexão entre eles, evidenciada por uma interpretação, é o que de fato impressiona e faz com que se acorde perturbado pela possibilidade daquilo vir a se concretizar, não em específico como nos sonhos, mas de modo generalista, baseado na marca em que eles deixaram.

O que perturba e fascina simultaneamente, não é a beleza das cenas, não é o encaixe entre elas, mas sim a obra composta e a mensagem que ficou de legado. A perturbação surge a partir da tentativa de entender como aquela mensagem foi construída; O fascínio surge pela beleza da mensagem que foi construída. 

Volta-se, então, àquele que parece o cerne da interpretação do mundo - A coexistência, por vezes não pacífica, entre a beleza e o entendimento.
Entender para apreciar é notadamente possível e já conhecido, o desafio está em tornar a apreciação o primeiro evento e torná-la livre do entendimento.

domingo, 9 de outubro de 2011

O ócio que valeu uma conclusão interessante

Simplesmente não creio na honestidade da maneira como vem acontecendo.
São tantas as situações passíveis de escritos, sempre todas tão convidativas, mas ao mesmo tempo nenhuma fustiga a disparar contra o teclado.

Acometido pela rotina, de modo que nada se destaca o suficiente para ser convertido num bom escrito. A verdade é que situações bastante peculiares tem ocorrido, mas a barreira do comodismo parece ser tamanha, que não incomodam o suficiente para serem escritos.

A vontade de escrever continua existindo, não menor, mas por algum motivo tudo parece ter adquirido a forma de trivialidades. Assim o mundo parece ser visto por olhos com cones deficientes - tudo fica cinza. Cinza é a cor da apatia.

Minha crença parece colorida, e assim vívida, em contraposição a apatia cinza que incide os escritos resultando nesse incomodo superficial, incapaz de me fazer escrever de verdade.
Mas vale a pena perceber que para escrever é preciso sentimento - estar sentindo o que se escreve ou sobre o que se quer escrever. Talvez assim é que se tenham bons escritos.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Vontade incontida

Minha vontade me pressiona a escrever, mas se for pra escrever por escrever, que seja um chiste:

Este aqui é só porque, as vezes, a minha vontade de escrever é maior do que a do acaso em me motivar a escrever de verdade.


domingo, 4 de setembro de 2011

Epifania

Invejável a mulher que tem o amor de um artista. Artista; qualquer um que faça da arte uma manifestação, sob qualquer forma. Mas arte, aquela que transforme parte do ego em alterego.

Mesmo que aquela arte atinja muitos que venham a se encantar com ela, nenhuma sensação indescritível se assemelha àquela de quem tem a certeza de ser o motivo daquilo. O que deve ser estar no meio da mostra, e em meio a adoração de tantos perceber-se como o destinatário ou motivo de tal? Num vacilo, deve escapar um sorriso simples, pequeno, acanhado.

Por mais grandioso que seja um edifício ou um navio com o nome da musa, maior o orgulho de seu criador que daquele a quem se dedicou. O orgulho não deve partir, deveria chegar. Arte é dedicação e sentimento - Se não tocar o outro, de nada valeu. 


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Desgosto

O modo como eu tenho escrito tem me fugido ao gosto. Não tem me agradado, mas nunca quis ser bom com as palavras. Na verdade, talvez até tenha querido, de fato. Mas muito mais me interessa ser bom comigo mesmo.

Não me interesso por conseguir manejar as palavras e estruturas sintáticas de modo às conferir harmonia. Tenho me interessado, talvez pelo mais difícil; conseguir manejar meus pensamentos e cadência-los, de modo que consiga vê-los suficientemente bem, para emiti-los de modo harmonioso o bastante para que a harmonia das palavras seja trazida consigo como bônus, e não que este seja ainda mais um ônus com que eu tenha que me preocupar.


Meus rabiscos com 9B

O futuro já se rabisca com um grafite 9B*. Mesmo não sendo definitivo, e não tendo certeza de nada, já está escrito e e já é difícil de ser apagado. As tentativas não parecem em vão, aos poucos retiram um pouco daquela marca que ali resiste.

É gostoso riscar com um 9B, mas sua maciez parece até não condizer com a dor que, a marca deixada por ele, gera. Todas e tantas setas já, hoje, incomodam e umedecem os rabiscos. O papel perde a resistencia, e imprimir sobre a folha já requer mais cuidado.

Que seque o papel, pois a arte final não terminará com um 9B, mas possivelmente com um 9H**. O que só torna as coisas mais duras, obviamente, mais sutis, certamente, e cobrando um esmero ainda maior.


* Tipo de lápis de extrema maciez que ao riscar, deixa grande quantidade de grafite no papel.
** Tipo de lápis de extrema rigidez que ao riscar, deixa sulcos no papel.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A Bela e a Fera

Mas ora, a Bela tão diferente da Fera.

A Fera, que era atormentada, quando não por aquele ao seu redor, por si própria e que pouco fazia questão do mundo, já que não conseguia encontrar beleza nele. À Fera, interessavam pessoas, e não conversas - conversas dependiam de dois lados - mas algumas poucas pessoas tinham conversa interessante o suficiente a ponto de seduzirem a Fera, e estes, somente estes era quem ele tinha por perto e que faziam com que ele se mantivesse ali, evitando o sonoro chamado, gostoso de ouvir, que vinha do lado de lá.

A Bela, via a beleza no mundo, até entendia a Fera, mesmo sem concordar muito com ela. A Bela era serena, cativante, a ponto de fazer com que a Fera por vezes fosse entendida como tola. A Bela seduzia a Fera com seu simples olhar sobre o mundo, o modo como admirava aquela beleza que a Fera não conseguia encontrar e sem a tormenta que parecia perseguir a Fera.

Estranho seria se um fosse capaz de persuadir o outro, e fazendo com que pensassem em uníssono.
Estranho seria a Fera conseguir ver a Beleza no mundo.
Estranho seria a Fera deixar de ouvir o grito que vem do lado de lá.

Estranho, mais ainda, seria a Fera achar que aquilo que há em seu mundo é, tudo, Bela.

domingo, 7 de agosto de 2011

Da Saudade

Entendo a daqueles que tinham por hábito se comunicar comigo quase que diariamente. Não entendo, porém, a daqueles que passaram uma semana, em sua plenitude, em minha companhia, e que após alguns poucos dias dizem estar sofrendo do mesmo mal.

Por ela, uns se entregam ao desejo e outros se abraçam mais forte, acreditando que desse modo encerrarão a que tem por outrem.

O mundo todo a sente e aqui, por sorte talvez, há meio de nomeá-la, mas há tantos outros que somente a sentem, não dispondo de um nome para lhe dar . Me valho disso para dessa vez não tentar entender, explicar ou dissecar.

Mas confesso que tem me confundido muito essas diferentes reações pra esse mal sem tradução.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Black XS - Nessa noite

Meu perfume me sufoca. Me agrada mas não por inteiro; não é bem este o cheiro que queria sentir.

Provavelmente resistirá a essa noite, e ao acordar ainda o sinta mais uma vez, lembrando de como é bom este cheiro. Por algum tempo senti outro perfume, que ficou em mim e que depois a memória não se fez suficiente para resgatá-lo.

Adoraria crer que sinto todos esses cheiros apenas com o olfato, mas, de repente, meus olhos parecem ter desenvolvido receptores olfativos, bem como alguma outra parte interna do corpo bem próxima ao âmago, e até nas pontas dos dedos também.

Ao acordar, perceber o perfume primeiramente com os olhos; antes de dormir, olfatar com os toques dos dedos e; em todo o intervalo, a pensar como é bom este cheiro, que não é do meu perfume, e que por mim só é sentido pelas vias naturais não sinestésicas, não me satisfazendo por inteiro.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Entre o caminho e a corda.

Correndo em sentidos opostos simultaneamente e, naturalmente, não apresentando ganho algum. Uma direção leva a raiva animalesca, em parte inconsciente; já a outra, leva a sublime razão. Incomoda perceber que há vontade de chegar nas duas extremidades, mesmo antevendo os ônus de cada caminho. Incomoda também a dúvida sobre qual destino alcançar primeiro, e mesmo se estes pontos se encontram em sentidos opostos. Sem não ignorar a dúvida do por que de correr para um desses destinos.

A retroalimentação negativa dessa raiva só acontece quando ela faz com que seja derramada tinta sobre aquela imagem, de modo que a disfigure e aos poucos faça com que se perca o que havia de belo naquele quadro, pintando com tanto esmero. É estranho como agrada a possibilidade de se ter uma nova tela em branco, por cima daquela colorida; ainda que o branco não represente nada, e não suscite à reconstituição ou recriação de uma nova obra. Admira-se esse branco como um cachorro que senta a frente de um forno e assiste os espetos de frango girarem, sendo o suficiente para agradá-lo, diferenciando-se dele apenas pelo fato da arte não ser realizada na primeira oportunidade.

A razão sim, agrava o quadro. Manipula os próprios resultados, interfere no controle da raiva e mistura tudo, como se quisesse servir uma vitamina. Faz lembrar da beleza do quadro insistentemente, e de como é abominável conceder permissão para que esta se estrague e se perca. Tenta controlar ao máximo esses viscerais desejos enforcando-os; toda vez que eles crescem e seu pescoço se alarga vem a dor que os fazem retroceder e os impede de continuar crescendo.

Dói tanto deixar a raiva crescer e tentar se regular sozinha por mecanismos próprios quanto, deixar a razão tomar as rédeas e controlar esse animal indócil. E é essa dor, que me impede de cadenciar minhas idéias de modo organizado.

domingo, 29 de maio de 2011

Fazendo do tempo um catalisador sinestésico.

Um cheiro no som, um sabor numa cor...ou simplesmente uma sensação indescritível de prazer por sensações que remetem, sem muita justificativa, à experiências sinestésicas é o que de fato me interessa.

Enquanto cientistas mostram ao mundo que um perfil de personalidade ávido por experimentações aprecia experiências que estimulem a cognição, eu fico incrivelmente satisfeito ao ouvir que as músicas que eu realmente tenho prazer em ouvir são bastante sinestésicas.
Em contrapartida, tudo aquilo que é trivial e óbvio pouco me instiga, problemas interpessoais me parecem todos monossensoriais. Tem um gosto amargo, a cor cinza, doem, cheiram desagradável e incomodam os ouvidos.

Tanta sensibilidade única e restrita, me incomoda. Diante disso, consigo reconhecer a necessidade de solucionar os problemas dessa natureza, mas minha dificuldade parece ser única e restrita também; Como incitar meu apreço pelo que pouco me interessa?

"Enquanto o tempo acelera e pede pressa, eu me recuso faço hora, vou na valsa..."*
Talvez com o tempo eu descubra isso, ou talvez com o passar do tempo, eu torne o sabor um amargo doloroso; a cor numa cor cinza dolorosa, o cheiro num desagradavelmente doloroso, os sons em ondas que me doam aos tímpanos; e a própria dor, dolorosa o suficiente para tornar tudo sinestésico outra vez a ponto de me instigar novamente para que eu possa resolver estes problemas. Mas isso, é obra do tempo.



*Trecho da música "Paciência" de "Lenine".

domingo, 22 de maio de 2011

Uma música ou um filme.*

Dos prazeres que não tive na escola o que me recordo agora foi não gostar de português. Passa o tempo e continua comigo um certo hábito; o de formular dúvidas posteriores ao momento em que poderia obter respostas que não fossem necessariamente satisfatórias, talvez com alguma "fuga do tema" mas da qual ao menos uma pausa fosse aproveitável.

Em meio a dúvida não há como qualifica-la, mas a resposta poria fim a essa tormenta com certeza.
Antes tinha uma dúvida, mas ela parece ter feito meiose; Agora me pergunto o que? como? e por que? além da própria dúvida original.

Meu nome não rima com tolerância ou com paciência?

Vejo problemas surgindo espontaneamente, andando com as próprias pernas, e se matando por vontade própria.

Vejo e depois reajo. Reajo com pouca disposição a continuar ouvindo e a ajudar, sendo pouco condescendente, sabendo que aquele problema não é meu. Por vezes e por sorte consigo segurar esta reação em mim fingindo ter paciência. Em tantas outras exteriorizo, e só depois de ter dado as costas, volto e assumo uma falsa impotência ou procrastino a solução, quando o tempo entre a manifestação e o raciocínio foi pouco; quando esse intervalo é um pouco maior me ponho a ajudar, mas quando é curto, além do próprio problema me pergunto se fui intolerante ou impaciente.



*A música em questão é "Paciência" de Lenine e o filme "Tolerância".

terça-feira, 10 de maio de 2011

Deixem as formalidades para depois

Me vieram tantas idéias quanto métodos banais, porém eficazes de suprimi-las.
Sinto perturbações, como porções individuais se colidindo dentro de mim e aumentando a pressão; como não recorrer a esta torneira?!

Deveria me expandir como efeito, e talvez isso tenha ocorrido, mas eu ainda não tenha compreendido.
Talvez já tenha escrito sobre, mas na medida em que vomito meus escritos, mais afeiçoado sou a estes meus filhos.

E para não atrofiar aquela, há muito inutilizada, capacidade que tinha de me entender, tento, mas esbarro em minhas próprias barreiras. E torno isso mais difícil quando nego para mim que seja mais fácil procurar entendimento a partir de observação, do que explicar o que não se vê.
Mas me parece que estou a andar em museus e cada marca que as perturbações deixam ao colidir com a barreira que as impede não me mostra uma imagem que já não seja familiar. Reconheço as dificuldades e me divido entre elas sem quantificá-las, sem saber qual a maior; seria ver o novo no que me parece velho, ou reconhecer que o novo é de fato como se mostra?

Alguns sintomas parecem já ter sido experimentados, e alguns comportamentos já foram observados. Mas devo reconhecer que a partir do momento em que as circunstâncias não são sempre as mesmas, isso gera uma alteração sutil no gosto, ou na cor, pois cheiro já não sinto e o barulho também é incapaz de perturbar uma paz já desequilibrada.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Em que se preconiza a volta.

É, após mais uma pausa, vou voltar a escrever.
Lembrei de alguns elogios que fizeram a este blog durante esta minha pausa.

Escreverei, sobre o que(?) ainda não sei; Afinal "As frases são minhas. As Verdades são tuas"*

Até a próxima experiência!

*Trecho da música "Versos perdidos" de Zeca Baleiro.