domingo, 29 de maio de 2011

Fazendo do tempo um catalisador sinestésico.

Um cheiro no som, um sabor numa cor...ou simplesmente uma sensação indescritível de prazer por sensações que remetem, sem muita justificativa, à experiências sinestésicas é o que de fato me interessa.

Enquanto cientistas mostram ao mundo que um perfil de personalidade ávido por experimentações aprecia experiências que estimulem a cognição, eu fico incrivelmente satisfeito ao ouvir que as músicas que eu realmente tenho prazer em ouvir são bastante sinestésicas.
Em contrapartida, tudo aquilo que é trivial e óbvio pouco me instiga, problemas interpessoais me parecem todos monossensoriais. Tem um gosto amargo, a cor cinza, doem, cheiram desagradável e incomodam os ouvidos.

Tanta sensibilidade única e restrita, me incomoda. Diante disso, consigo reconhecer a necessidade de solucionar os problemas dessa natureza, mas minha dificuldade parece ser única e restrita também; Como incitar meu apreço pelo que pouco me interessa?

"Enquanto o tempo acelera e pede pressa, eu me recuso faço hora, vou na valsa..."*
Talvez com o tempo eu descubra isso, ou talvez com o passar do tempo, eu torne o sabor um amargo doloroso; a cor numa cor cinza dolorosa, o cheiro num desagradavelmente doloroso, os sons em ondas que me doam aos tímpanos; e a própria dor, dolorosa o suficiente para tornar tudo sinestésico outra vez a ponto de me instigar novamente para que eu possa resolver estes problemas. Mas isso, é obra do tempo.



*Trecho da música "Paciência" de "Lenine".

domingo, 22 de maio de 2011

Uma música ou um filme.*

Dos prazeres que não tive na escola o que me recordo agora foi não gostar de português. Passa o tempo e continua comigo um certo hábito; o de formular dúvidas posteriores ao momento em que poderia obter respostas que não fossem necessariamente satisfatórias, talvez com alguma "fuga do tema" mas da qual ao menos uma pausa fosse aproveitável.

Em meio a dúvida não há como qualifica-la, mas a resposta poria fim a essa tormenta com certeza.
Antes tinha uma dúvida, mas ela parece ter feito meiose; Agora me pergunto o que? como? e por que? além da própria dúvida original.

Meu nome não rima com tolerância ou com paciência?

Vejo problemas surgindo espontaneamente, andando com as próprias pernas, e se matando por vontade própria.

Vejo e depois reajo. Reajo com pouca disposição a continuar ouvindo e a ajudar, sendo pouco condescendente, sabendo que aquele problema não é meu. Por vezes e por sorte consigo segurar esta reação em mim fingindo ter paciência. Em tantas outras exteriorizo, e só depois de ter dado as costas, volto e assumo uma falsa impotência ou procrastino a solução, quando o tempo entre a manifestação e o raciocínio foi pouco; quando esse intervalo é um pouco maior me ponho a ajudar, mas quando é curto, além do próprio problema me pergunto se fui intolerante ou impaciente.



*A música em questão é "Paciência" de Lenine e o filme "Tolerância".

terça-feira, 10 de maio de 2011

Deixem as formalidades para depois

Me vieram tantas idéias quanto métodos banais, porém eficazes de suprimi-las.
Sinto perturbações, como porções individuais se colidindo dentro de mim e aumentando a pressão; como não recorrer a esta torneira?!

Deveria me expandir como efeito, e talvez isso tenha ocorrido, mas eu ainda não tenha compreendido.
Talvez já tenha escrito sobre, mas na medida em que vomito meus escritos, mais afeiçoado sou a estes meus filhos.

E para não atrofiar aquela, há muito inutilizada, capacidade que tinha de me entender, tento, mas esbarro em minhas próprias barreiras. E torno isso mais difícil quando nego para mim que seja mais fácil procurar entendimento a partir de observação, do que explicar o que não se vê.
Mas me parece que estou a andar em museus e cada marca que as perturbações deixam ao colidir com a barreira que as impede não me mostra uma imagem que já não seja familiar. Reconheço as dificuldades e me divido entre elas sem quantificá-las, sem saber qual a maior; seria ver o novo no que me parece velho, ou reconhecer que o novo é de fato como se mostra?

Alguns sintomas parecem já ter sido experimentados, e alguns comportamentos já foram observados. Mas devo reconhecer que a partir do momento em que as circunstâncias não são sempre as mesmas, isso gera uma alteração sutil no gosto, ou na cor, pois cheiro já não sinto e o barulho também é incapaz de perturbar uma paz já desequilibrada.