segunda-feira, 27 de junho de 2011

Entre o caminho e a corda.

Correndo em sentidos opostos simultaneamente e, naturalmente, não apresentando ganho algum. Uma direção leva a raiva animalesca, em parte inconsciente; já a outra, leva a sublime razão. Incomoda perceber que há vontade de chegar nas duas extremidades, mesmo antevendo os ônus de cada caminho. Incomoda também a dúvida sobre qual destino alcançar primeiro, e mesmo se estes pontos se encontram em sentidos opostos. Sem não ignorar a dúvida do por que de correr para um desses destinos.

A retroalimentação negativa dessa raiva só acontece quando ela faz com que seja derramada tinta sobre aquela imagem, de modo que a disfigure e aos poucos faça com que se perca o que havia de belo naquele quadro, pintando com tanto esmero. É estranho como agrada a possibilidade de se ter uma nova tela em branco, por cima daquela colorida; ainda que o branco não represente nada, e não suscite à reconstituição ou recriação de uma nova obra. Admira-se esse branco como um cachorro que senta a frente de um forno e assiste os espetos de frango girarem, sendo o suficiente para agradá-lo, diferenciando-se dele apenas pelo fato da arte não ser realizada na primeira oportunidade.

A razão sim, agrava o quadro. Manipula os próprios resultados, interfere no controle da raiva e mistura tudo, como se quisesse servir uma vitamina. Faz lembrar da beleza do quadro insistentemente, e de como é abominável conceder permissão para que esta se estrague e se perca. Tenta controlar ao máximo esses viscerais desejos enforcando-os; toda vez que eles crescem e seu pescoço se alarga vem a dor que os fazem retroceder e os impede de continuar crescendo.

Dói tanto deixar a raiva crescer e tentar se regular sozinha por mecanismos próprios quanto, deixar a razão tomar as rédeas e controlar esse animal indócil. E é essa dor, que me impede de cadenciar minhas idéias de modo organizado.

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