segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Experimentações

Da superposição do pragmastismo sobre o empirismo resulta um gosto inebriante sobre as experimentações, como forma de obtenção de respostas para toda a sede pendular de entendimento que se tem sobre a violenta  sucessão de acontecimentos, em que se observa o desrespeito de um pelo outro, de modo que o seguinte se sobrepõe ao primeiro e dificulta a compreensão de cada uma das partes, e, consequentemente, do todo.

Num primeiro momento, parece absurdo um químico analítico buscar Ouro na embalagem de um biscoito e por não ter encontrado não afirmar que ele não existe ali. Ao invés disso, questiona-se sobre o método utilizado, cogitando a possibilidade da ineficiência do método utilizado para tal detecção, mesmo sabendo, em sã consciência, que não deve encontrá-lo ali. Só podendo afirmar ao final, após ter utilizado o método específico e mais adequado. 
Faz-se possível a compreensão do que se amontoa e do amontoado pela alteração da forma de compreensão, ainda que não se tenham catalogadas as possibilidades, a partir do incomodo provocado pelo peso cumulativo do amontoado.

Possivelmente as experiências não são os acontecimentos e as marcas por elas deixadas, mas o exercício para transformá-los diretamente numa forma de conhecimento prático aplicável, fazendo jus aos pragmatismo arraigado. Tamanho apreço se tem pelas experimentações que, por vezes, recorre a outros acontecimentos, e a resultados, por outros, obtidos, e até mesmo a resultados práticos já aplicados. Aparentemente se perde quando os ignora e os admite como específicos demais, reconhecendo a pouca, ou quase nula efetividade das experiências alheias.

Inerentes às experimentações são os erros e o sucesso. Onde cada erro representa uma potencial frustração, reconhece o convite a uma reformulação e repetição do experimento sob outras condições, o que leva a reconstrução constante de uma estrutura incapaz de saciar a sede de entendimento - que vai mas que volta - por não conseguir atingir o nível onde se encontra o entendimento satisfatório. E por esse ser tão abstrato e estar constantemente em movimento, se distanciando da possibilidade real, mesmo que toda a estrutura de conhecimento prático aplicável e aplicado seja somada, continua-se a realizar experimentações pois o sucesso, que lhe é inerente não está num ponto, mas na reta. O progresso que se tem após a sucessão de erros, este sim, configura a obtenção prática do resultado. Este sim, pode ser o sucesso das experimentações que conduzirão à satisfação - curta o suficiente para dopar e fazer esquecer da possibilidade de alcançar o entendimento -. Ao seu fim, estamos de novo ocupados a trabalhar na reconstrução, enquanto o entendimento vai se afastando. 

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Engano involuntário da madrugada

De que adianta, honestamente, me interessar por tantos programas científicos na televisão sobre curiosidades, ou assistir palestras de cientistas que atingiram a mais alta láurea da ciência em cima de suas descobertas e desenvolvimentos de novos métodos se nenhum deles se aplica diretamente a solução dos problemas que de fato me fascinam?

Reconheço minha limitação em continuar sendo excessivamente pragmático, e talvez não seja só essa, mas também, por excesso de pragmatismo não me permitir conceber que o fulereno pode estar envolvido de alguma forma com a mente humana e que por via dele seja realizado um estudo sobre a compreensão dela, ou até mesmo como uma proteína verde poderia estar associada a compreensão do que se sonha em resumir a uma reação química, mas só se consegue descrever com as 11 letras de sentimentos.

Sem entender muito bem, reconheço minha admiração pelas ciências humanas, pois mesmo não conseguindo entender como as pesquisas acontecem nessa área, elas são as que possivelmente mais me satisfazem, pela liberdade que conferem ao pensar, em que todo ele tem asas e capazes de alçar voo, diferentemente dessa ciencia de premoldados, baseadas em postulados removidos do nada, que terminam por aproximá-la daquilo que parece ser seu maior rival. Não entendo como posso gostar dos premoldados e não pretendo me esforçar para fazê-lo agora, apenas admiro os objetivos primazes de todas as áreas da ciência.
E antes de todos os questionamentos que me faria, a fim de me levar ao entendimento desejado, estou a me perguntar porque estou escrevendo agora, se sei que terei de acordar daqui há 4h10m para me submeter à prática e aprimoramento da técnica que requerem o descanso mental que estou retardando a cada letra. 

 Foi só um engano involuntário que não queria colecionar junto aos outros perdidos, ou, foi só um lapso que eu não queria perder mesmo.


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

DosSe's

A linearidade, ainda que curva, ameaçada por tantos empecilhos. Mesmo as possibilidades os representam. E em meio a tantos "se", falta a vontade de seguir adiante no empirismo, e chegar numa conclusão, já que o sentido só vem quando se examina todo o raciocínio que o induziu.

Ao mesmo tempo em que a vontade se confunde com a coragem, ambas em suas faltas, a dificuldade maior parece ser trilhar um caminho com bifurcações seguidas umas das outras por instantes. O desejo parece ser o de não correr o risco de errar - Errar, puro e simplesmente como sendo a incapacidade de fazê-lo novamente;  trilhar o mesmo caminho mantendo a linearidade já alcançada, apenas com o fim de reproduzi-la por tê-lo achado, no minimo, interessante.

Pouco sentido, faz, querer reproduzir um caminho, já que não se passa duas vezes pelo mesmo local, seja físico ou psicológico, ou produto da interação entre estas partes. Pode riscar mais tantas outras linhas, possivelmente mais agradáveis, e se prende, no entanto, em tenta reutilizar as das suturas.

Bem como o autoquestionamento, a excitação da exploração, ou a alegria da descoberta,  há também a necessidade de imposição - seja para si, seja para algum outro.Tanto interesse em reproduzir um caminho faz sentido, contudo, não pela possibilidade  mas pela capacidade de fazê-lo, de modo que quando reconhece que sua habilidade de criar doces pensamentos é comum a tantos, quer trilhar antigos caminhos com primazia acreditando ser essa uma caracteristica de poucos; ou somente mais uma ilusão, deveras apreciável, até tomar por forma a sua original, de verdade "inconcreta".

Somente sob o pragmatismo, as ilusões são agradáveis por representarem um imediatismo prazeroso, não pleno, que deveria ser superposto pelo prazer que se tem ao chegar numa conclusão, mas não o é, por melhor que seja, afinal a dúvida é sem limites, enquanto que a conclusão está sujeita a estagnação.

Cada "Se" abre uma bifurcação em possibilidades, mesmo não sendo uma condição agradável, é preterível a dúvida, com a sua tormenta provocada pelas bifurcações das possibilidades de seguidos questionamentos, à certeza absurda e estagnante.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Do que perdi

De tudo que se perdeu e não tem mais volta não me foge a vontade de voltar a agradecer pelo que dividi.

Nunca me faltarão palavras não ditas e memórias que não sejam doces para me lembrar da pouco favorável habilidade cerebral de ser três vezes mais sensível a perdas que a ganhos. Nunca me faltarão palavras não ditas e memórias doces para me fazerem crer que sempre pode ter sido mais e que nunca foi o suficiente.

Faz falta mesmo quando há um espaço que já fora preenchido. E a existência dele em muito me confude.