domingo, 31 de outubro de 2010

Um texto asterisco.

Estava claro que dormi pouco essa noite. Até um cego veria isso se sentisse o meu rosto. Estava cansado, mas não o suficiente para não me empolgar com o fato de ter dirigido na estrada pela primeira vez e ficar em estado de choque ao chegar onde deveria.

Como reagir a uma motivação, aparentemente sem motivo, de pessoas que vivem numa área onde o governo federal parece não chegar? Poderia ser típico daquele de uma visão política restrita, mas Sem buscar muito sentido nisso, me deixei levar em meio aquela manifestação política.

E cada vez que tentava me afastar da busca pelo sentido disso, sempre recebia um novo estimulo para mais uma vez retornar a esse questionamento. As pessoas criam que cada pessoa que vencesse a dificuldade de exercer seu direito cívico de votar por conta principalmente da distancia seria capaz de fazer a diferença.

Como pessoas que vivem numa área que parece externa a esfera máxima do poder representativo tem essa consciência? Esta, muitas vezes ignorada por aqueles que se percebem diretamente inseridos nos grandes centros, mais suscetíveis aos efeitos do governo.

Para nenhuma dessas perguntas eu tenho as respostas, aparentemente simples e que me tornam passível de avaliação; com margem de erro para mais, ou para menos.

Tentei até me afastar novamente desses pensamentos, mas fiquei chocado de tal modo que vim aqui, escrever um texto asterisco.

sábado, 30 de outubro de 2010

"E quando saio não vou muito longe, fico sempre por perto" *

Bebi de um copo de cólera, e terminei percebendo que posso correr de mim, mas nunca me afastarei de mim, de fato. Numa necessidade sempre voltaremos ao que consideramos nosso porto seguro.

O que é visto como problema, é que meu porto seguro é seguro só para mim, e quando estou de corpo fechado sou nocivo aos outros; me fecho em minhas certezas e é como se declarasse um estado se sítio para mim mesmo me desfazendo ao máximo de fatores externos a mim, tomando as decisões sempre buscando manter a minha ordem interna e não me deixar ser seduzido por uma situação extrema, que beira o descontrole e o desequilíbrio.

Sempre há uma idéia que é nociva até para mim, e que nessas horas é recorrente. Denoto auto controle, quando logo em seguida a esta idéia vem aquilo que caracterizei como um complemento à ela, que age como uma espécie de modulador comportamental e me impede de concretizá-la impulsivamente. É reconfortante até, perceber que meu auto controle numa situação dessa não se esvaiu, por mais que esteja próximo do descontrole e do desequilíbrio. Me reconforto ao perceber que afora a esse pensamento nocivo, há outros por detrás que me devolvem a cor daquilo que parecia ter empalidecido.

O pálido, então, volta a se corar e a cólera termina, por cadeia, ganhando cor. Toda essa cor me deixa confuso, quero pintar quadros mas sem saber quais cores utilizar. O vermelho, de repente, é bastante tentador por ser expressivo. O azul não cabe ao momento, o verde muito menos e o amarelo, nunca teve a ver comigo. Pinto um labirinto em vermelho; estou perdido em minha raiva, na minha irritação violenta, e a razão movida por ela me leva a crer que tomei uma decisão errada num momento passado.

Nesse momento, minha crença é de que perdi a oportunidade de ter meu corpo fechado e não estar como estou agora. Agora, problema não parece mais ser o fato de eu ser nocivo aos outros, mas sim simplesmente eu, por estar sempre vulnerável ao externo a mim e não ter conseguido desenvolver meu auto controle a ponto de me blindar e não precisar me vestir de pedras e me resguardar na minha própria fortaleza ou não ter conseguido incorporar essa armadura ao longo do tempo.

Em parte, por conta disso, me sinto descontente com o que apresento a mim mesmo numa situação como a de agora. Nenhuma das propostas que me apresento me agradam plenamente; Não sou tão seguro de mim a ponto de crer que posso me bastar, nem tão inocente para acreditar que precise que alguém e que esse seja capaz de me tirar dessa situação.

O máximo que consigo fazer é me descontrolar internamente sem exteriorizar isso, de modo que isso não se torne notório, e recorrer ao blog que apesar de tendo me recusado a voltar a escrever consigo perceber que este me serve como uma rota de fuga alternativa, sempre bastante interessante ao mim quando estou nesse "estado de sítio", revestido de pedras.



* Parte da música "Bossa nostra" de Nação Zumbi.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

De uma desconfiança à volta.

Esta poderia ser uma volta da qual eu me orgulhasse. Aquela em que eu resgataria a prática de uma habilidade, mas não; voltei reconhecendo o fim terapêutico do simples ato de escrever aqui que negligenciei nas produções anteriores e talvez tenha reconhecido somente na anterior a esta.

Me deixei abalar por uma desconfiança externa, de outrem, que sem perceber envenenou minha noite e me deu este dia cinza, sem muitas emoções de cores agradáveis aos olhos; somente essa vigorosa angústia cinza.

Veneno, como qualquer cápsula ou comprimido que tomamos para combater um sintoma de uma doença, foi ingerido e só algum tempo depois foi mostrar seu efeito, que eu tenho sentido até agora.
Efeito único?! Uma cadeia de efeitos; desde o não cumprimento de obrigações singulares até o agravamento de situações ruins e estabelecimento de perspectivas otimistas que beiravam o caos.

Desse veneno, pareço ter feito uso com água e potencializado seu efeito. De modo que meus devaneios receberam não só pernas mas também asas e me atacaram. Impotente, já não via mais algum jeito de extrair graça da minha desconfortável situação; ver o óbvio a um ângulo de 27° já não o tornava tão diferente, nada que merecesse destaque ou parecesse interessante de ser descrito - não dava pra pintar o óbvio com poesia.

E apenas comprovando o efeito terapêutico desses textos que eu escrevo, encerro-o aqui, por minha vontade de segurar o "backspace" ser maior do que a capacidade de atirar em letras com as pontas dos dedos.