quinta-feira, 22 de julho de 2010

Um esboço.

Por vezes, ao saltar do ônibus voltando da faculdade eu tive vontade de parar e tentar não pensar em nada, ou até refletir sobre mim mesmo.
Na verdade, eu buscava inspiração pra escrever sobre aquela situação sempre curiosa; toda vez que saltava do ônibus próximo das 18horas o céu não estava tão escuro, havia alguém caminhando sozinho na praia, as ondas quebrando no mar, um vento forte soprando do sudeste, algumas pessoas esperando o ônibus para seus destinos e nas três faixas a minha direita passava um agressivo volume de carros com velocidade não inferior a 50km/h.

O que há de curioso nisso? O que escrever sobre isso? Eu nunca tive esse luz, só vontade.
Mas não preciso nem me esforçar muito.

Ali, parado, tentando articular algumas ideias pra montar um texto apesar de estar perto de casa, eu olhei para um cacto e percebi que estava perdido; perdido entre o que havia à minha esquerda e a minha direita. As ondas quebrando ao seu tempo, o cacto realizando suas atividades vitais, eu, e vários carros indo para trás, ou para a frente.
Eu via três tempos distintos. Aquele em que as ondas me serviam de referencial, aquele em que os carros me serviam com a mesma função das ondas e o meu, que tentava se enquadrar em um deles.
Até hoje não sei em qual deles me enquadro e sigo acreditando que estou no meu tempo, apesar dos outros serem, por vezes, bastantes sedutores.


quarta-feira, 21 de julho de 2010

Correndo na direção contrária

Ironicamente eu disse nessa mesma noite que eu corria em direções opostas e que estava cada dia melhor nisso, pois conseguia ir mais longe. E eis que aqui estou nessa mesma noite sem correr para as extremidades, sem saber em que posição estou de verdade.

As palavras que eu reluto em ouvir, gradualmente, parecem se encaixar e explicar, de certo modo, algumas desprazerosas cenas do cotidiano.Me vejo correndo na direção contrária, e quanto mais eu corro, mais me aproximo daquilo que procuro me afastar.

Desconfortável é a sensação de impotência que se tem quando estamos agindo contra o nosso algoz.Parece não haver remédio para essa doença crônica, mas qualquer placebo é bem vindo e mais uma vez voltamos a nos alimentar de ilusões para nos afastarmos da realidade.