terça-feira, 29 de abril de 2014

Sem vitrine

   Comercializei meus sentimentos, mas não completei a ação. Sem que percebesse, fiz deles uma vitrine, e os expus, como artigos de consumo passíveis de aquisição.
   E então, ao o perceber, arremessei uma pedra em cada um deles. Agora estou a olhar para os cacos de sentimento que restaram, pensando como era vazio tudo aquilo, ou melhor, como eram frágeis aqueles vidros. Ou até mesmo, se de fato eram composto desse liquido de alta viscosidade, ou de qualquer outro material quebrável, esmigalhável, esfarelável, ou, simplesmente não resistente o suficiente para proteger o que agora ficara descoberto.
   Não sei se o que me incomoda agora é a falta de vitrines, ou a falta de proteção pela sua ausência. Por quem passa, as faltas se assemelham, mas podem ter suas diferenças facilmente percebidas pelo dono da loja.

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